O Isolamento de Alone With You

Cafe 8 bits
5 min readJun 13, 2020

Alone With You é um título que namorei por literalmente anos, até finalmente comprar. Tinha visto ele na loja do PSVita sendo anunciado pouco após sair, mas só fui realmente por as mãos nele quatro longos anos depois. Nunca entendi o motivo, eu acho que só passou abaixo do meu radar mesmo.

E durante essa loucura de quarentena, achei que fosse uma boa hora para ligar meu portátil e finalmente jogar. Não podia ter escolhido momento melhor, pois Alone With You é um jogo exatamente sobre isolamento e esperança.

Simples como é, a trama gira em torno de um futuro distante onde uma tentativa de terraformar um planeta longínquo da extremamente errado, causando um acidente que leva a morte de praticamente todos os colonos no local. Exceto é claro, pelo nosso personagem. Um astronauta sem nome, sozinho e preso nesse local, tendo como unica companhia a inteligência artificial que cuida da colônia.

A ideia aqui é simples: A dupla precisa juntar recursos para consertar sua nave de fuga e escapar, mas como o protagonista não possui os conhecimentos necessários para tal feito, a I.A cria um plano mirabolante de recriar as consciências dos cientistas chefes do complexo, afim de usar seus conhecimentos para resolver o problema. Para isso, usa o super computador do prédio, como um último recurso.

A partir daí a gameplay fica dividida em duas partes: Primeiro, selecionamos um local do complexo para ir no começo do dia. Exploramos ele, resolvemos seus puzzles e descobrimos mais dos eventos que ceifaram as vidas de nossos parceiros. De volta na base, durante a noite temos que conversar com as I.As dos cientistas para que eles nos ensinem a utilizar os dados coletados em nosso plano. Sendo assim, metade do jogo exploramos as áreas da colônia, e na outra metade conversamos e ouvimos as atualizações das I.As. Bem simples.

A exploração em Alone With You é simples, mas engajante.

Entretanto, Alone With You vai fundo no desenvolvimento das inteligências artificiais com quem conversamos, que são essencialmente os ‘’fantasmas’’ daqueles cientistas mortos. Cabe a nós ajuda-los também a entender o que houve com eles, e tentar dar um senso de conclusão para suas vidas. Além é claro de seguir com nosso plano de fuga.

Explorar a colônia decrépita é uma tarefa complexa, pois nunca sabemos o que vamos encontrar. Muitas vezes corpos, e historias sobre falecidos colonos. E cada passo que damos nos aproxima mais da nossa I.A principal, que criou as outras e nos ajuda na escapada. Quanto mais nos aproximamos dela, mais humanizada e afetiva ela fica, nos mostrando o seu lado do ocorrido e como ela lida com aquilo de forma bem similar aos outros personagens. Essa dinâmica entre a dupla (Humano e Inteligência artificial) da toda uma profundidade filosófica e sci-fi pra obra, o que nos deixa bem investidos em avançar, pois queremos ver mais dos diálogos.

É muito fácil esquecer nosso plano de fugir no meio do caminho, entretanto. Não é difícil ficar imerso nas histórias desses personagens, mas é ruim o suficiente saber que todos eles se foram muito antes de você sequer começar a jogar. E é bizarro saber que, num sentido literal da coisa o jogador está essencialmente sozinho.

E os personagens são extremamente bem escritos, o que ajuda a manter toda essa atmosfera. Todos eles parecem reais o suficiente para te manter investido e interessado em seus diálogos, que também possuem branches naturais o suficiente para parecer uma conversa real.

Conversar com os hologramas dos cientistas vai se tornando aos poucos o acontecimento principal do jogo. A linha entre eles serem personagens reais ou apenas programas de computador fica tênue em diversos momentos, até que na conclusão da história somos confrontados com o que houve com cada um deles. Dado o tempo que passamos juntos, é um grande peso emocional.

Sem querer entrar no âmbito de spoilers, mas o fim do jogo é um grande soco no estômago. Eu realmente quase derramei uma lagrima pela conclusão da história, que foi muito imersiva até aquele ponto. Como é de se esperar em tramas focadas em narrativa como esta, a coisa se divide em diversas rotas e no final somos apresentados com duas escolhas.

Eu não posso falar muito sem revelar a conclusão, portanto eu vou me limitar a dizer que a forma como o final lida com os acontecimentos e com a dinâmica do jogador e das I.A é realmente genial, e muito interessante. Alone With You tem uma escrita incrível, que eu só poderia esperar de grandes obras renomadas de ficção cientifica, mas está bem aqui num joguinho simples e leve que você encontra barato nas mais diversas plataformas!

Falando da parte técnica, Alone With You tem uma apresentação impecável. Seus gráficos são lindos e detalhados, seus ambientes são incrivelmente atmosféricos, as cores são muito bem aplicadas e ficaram lindas na tela do meu Vita.

Mas acho que o que destacou a parte artística do título para mim foram as músicas e efeitos sonoros. Extremamente competentes em te imergir na trama e nos ambientes, cada música e efeito de som foi colocado por uma razão no jogo, e são perfeitamente encaixados fazendo com que a experiência te prenda de jeito. Principalmente se você jogar com fones!

No fim, Alone With You é uma história rica em detalhes com uma mensagem muito válida sobre resiliência, isolamento e sobre escolhas que fazemos em nossa vida, como as pessoas nos observam e sua mensagem mais importante: Seguir em frente. Eu não me arrependo nem um pouco de ter comprado esse jogo, e devo dizer que indico ele a todos que gostam de uma boa historia, personagens e settings surreais.

O título está disponível para Vita e PS4 por crossbuy, assim como no PC também. Vale a pena dar uma olhada! E se você curtir o jogo, me deixe saber. Ficarei feliz!

Por hoje é só. E até a próxima~

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Cafe 8 bits

Falo de vídeogames e mídias que acompanho. Apaixonado por JRPGs e moncos (monster collection games) Nosso arquivo: https://pastebin.com/PZf0ijeP